sexta-feira, 18 de junho de 2010

Portão verde

Há dois dias atrás fugi da normalidade, daquilo que a minha vida tem vindo a catalogar como normal, rotineiro, previsível. Obviamente que já voltei à minha rotina, ou não fosse eu eu mesma, mas esse dia foi mais do que inicialmente aparentava ser. Ia sair, tratar de assuntos e voltar a casa. Era o que eu pensava, mas não foi...

Já lá tinha passado tantas vezes... nunca me tinha apercebido. Nunca reparei naquele edifício, nunca o vi como familiar, nunca o encarei dessa forma. Para mim era um edifício normal, grande, antigo, como muitos no Porto. Tão vulgar que nem reparei no cartaz gigante ao seu lado com o seu nome. Mas ela reparou, parou e disse-me.

Mas isto é... fez-se um clique! Vivi algo que não sei muito bem explicar. Senti que a memória mais submersa no inconsciente tinha sido despertada, senti-a a percorrer todo um caminho até me lembrar...

Aquele portão verde, aquela entrada e aquela menina pequena... aquele eu.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ordem de despejo

Os dias andam estranhos... mesmo estranhos. É como se o tempo gozasse comigo, com o meu estado de espírito, com o meu humor, divertindo-se imensamente! E, por causa disso, perco-o... escapa-me das mãos e desespero.

Hoje mudei de poleiro. Sim, de poleiro, como as galinhas no galinheiro por trás de casa, elas também o fazem. Basicamente mudei de sofá e de andar. Pensei que tivesse um maior efeito, pensei verdadeiramente que resultasse e que não fracassasse. Enganei-me. Como é que pude ser tão parva? É claro que as coisas não resultam, ou não fossem elas coisas minhas. Sim, se as coisas fossem dos outros com certeza resultariam e originariam uma vitória; para mim, foi mais uma tentativa falhada mergulhada em angústia.

Mergulhada nesta minha amiga angústia... estranho chamá-la assim, de amiga. Mas já está comigo há tanto tempo que acho que se tornou amiga... pelo menos, companheira. Sim, é esta a palavra, companheira de viagem. Recapitulando agora da forma correcta, a angústia, a minha companheira angústia, esteve comigo hoje. Perguntei-lhe se não pensava em mudar-se, conhecer outros sítios, outras pessoas... de certo estaria farta da minha pessoa, sempre tão fraca e sentimental.... sempre tão previsível. Mas aparentemente ela gosta do meu peito, diz que é aconchegante. Não pensa mudar-se tão cedo.

Preciso de um cirurgião, daqueles com bisturis afiados. Se o meu peito é tão confortável assim, que o abram, que o rasguem, que façam dele o pior lugar para se estar! Não quero ser mais senhoria dessa coisa, dessa sensação, dessa aflição que me acompanha há tanto tempo. Quero-a fora daqui!

terça-feira, 8 de junho de 2010

A decisão

Acho que acabei por ceder. Sim, cedi! Cedi aos conselhos para a criação de um blog e cá está ele.
Não faço a menor ideia do que vou escrever aqui. Provavelmente ficará uns dias parado, à espera que dele me lembre e que cá venha escrever uma mensagem ou duas e, depois, cairá outra vez no esquecimento.

Não disse a ninguém. Não disse a ninguém que o ia criar. Acho que me decidi quando me lembrei do nome. Realmente, quem é que tem um blog com semelhante nome. Mas Velhas Sapatilhas Roxas soou-me bem, bastante bem aliás.
Talvez para alguns seja nojento (estamos verdadeiramente próximos dos pés, neste caso dos meus pés), talvez para outros seja original... afinal quem é que tem sapatilhas roxas nesta vida? Eu! E são velhas, muito gastas... Mas eu continuo com a minha cisma, com a minha mania... já colei a sola que estava descolada e a parecer mal. Quer dizer, colei a pouca sola que ainda têm. É que quase não a têm, são daquelas sapatilhas rasas que, por serem velhas, estão ainda mais rasas do que o que era suposto. Mas são minhas e, mesmo que compre outras, decerto não serão roxas nem tão rasas como estas.

O que quero dizer com isto? Não sei. Talvez explicar o porquê de criar o blog.
Porque falo sobre sapatilhas? Porque provavelmente irei falar sobre coisas ainda mais estranhas (isto pressupondo que não irei ignorar a existência deste blog).

Então que fique oficialmente criado o sítio das Velhas Sapatilhas Roxas, um sítio onde várias pegadas serão deixadas!